A experiência de Bergamo Versão para impressão

Recuando ao ano de 1984, ano da fundação da Torcida Verde, as únicas referências conhecidas em Portugal, no que concerne ao apoio organizado de adeptos nos estádios reportava-se ao Brasil. Situação vincada pela legião de jogadores brasileiros que jogavam em Portugal.

Agregados em grupos potenciavam o apoio dos adeptos, uniformizando as energias de forma “organizada”, assumindo diversas designações, expressas em faixa, bandeiras e até no vestuário.

Neste contexto, o fenómeno das “Torcidas Brasileiras” era, no início dos anos 80, o expoente máximo do apoio organizado. É nesse contexto que a designação por nós escolhida, "Torcida Verde", surge.

Quando volvidos alguns anos, conhecemos a realidade italiana, o tal universo cresceu, ganhando uma outra dimensão.

Em Bergamo com o SCP

O primeiro contacto no terreno, ocorreu em Fevereiro de 1988, por ocasião da deslocação a Bergamo, onde se disputou a primeira-mão dos quartos de final da já extinta Taça das Taças, entre o SCP e a Atalanta, então a militar na série B.

Para além do fortíssimo dispositivo de segurança que nos acompanhou até ao Communale de Bergamo, algo que não estávamos habituados, onde não nos foi permitida a entrada de pequenas bandeiras de plástico para um improvisado tifo, vivemos o ambiente absolutamente fantástico que a "Curva Nord" interpretava, incendiando por diversas ocasiões todo o estádio.

Pela primeira vez presenciámos a atitude de toda uma curva, constituída por milhares de Ultras que de pé e ao longo de todo o jogo, nunca se cansaram de cantar pela "Magica Atalanta" e não poucas vezes saltaram em uníssono ao ritmo dos cânticos de incentivo.

Particularmente impressionante foi a apresentação na 2ª parte de uma mega bandeira que cobria totalmente a "Curva Nord".

Arrepiante será o termo mais adequado para definir a experiência vivida quando todo o estádio entoou durante largos minutos a popular canção Italiana "Volare".

No final do jogo, apesar de “escoltados” pelos carabinieri, fomos literalmente invadidos por dezenas de jovens ultras, sequiosos de trocarem material (cachecóis e bandeiras) connosco, o que sucedeu, esvaziando o stock de bandeiras da Torcida Verde, dando-nos uma ideia da dimensão do que era o movimento ultra.

A experiência de Bergamo, com a Atalanta na série B, numa cidade de província, fora brutal, imagine-se o que seria nas maiores cidades...

Diversos cachecóis, de diferentes modelos relativos à Atalanta, mas sobretudo aos seus grupos ultras, destacando-se os "BNA" e o "Total Kaos" na vanguarda da "Curva Nord", foram igualmente novidade para nós.

Este terá sido o primeiro passo na criação de uma Mentalidade Ultra Tor Ver.

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